11.21.2011

Jornal o Publico fala de hóquei em patins

O hóquei não está isento de problemas, mas ainda é o que era

A ideia de um hóquei em patins em crise é falsa, segundo algumas figuras da modalidade ouvidas pelo PÚBLICO. O desporto tem os seus problemas, admitem, nomeadamente a nível de organização, mas, apesar de sofrer das mesmas dificuldades de outras modalidades no mesmo patamar, afirmam que continua a gerar interesse e a ocupar um lugar especial no coração dos portugueses.
E o facto que foi apontado como chave em algum retrocesso da visibilidade do hóquei nos anos anteriores, a ausência de transmissões regulares na televisão, devido à incapacidade da Federação Portuguesa de Patinagem (FPP) para financiar os custos de produção, foi finalmente compensado esta época, com o anúncio de que a modalidade está de regresso à RTP, que transmitirá pelo menos 33 jogos, a maioria deles relativos ao campeonato nacional.

“Há clubes formadores, há gente nos pavilhões e este ano até há televisão. O hóquei em patins está vivo”, defendeu Cristiano Pereira ao PÚBLICO. “Há muita gente interessada no hóquei, muitos adeptos. É possível encher um pavilhão com milhares de espectadores, num jogo de selecções ou de grandes clubes portugueses. E, apesar das dificuldades, os clubes continuam a dedicar-se à formação. Portanto, não é justo sermos críticos em relação à modalidade”, referiu o antigo praticante, uma das glórias do hóquei nacional, vencedor de dois Mundiais e quatro Europeus como jogador e mais um Mundial e dois Europeus como treinador.

No entanto, o oitavo português com mais internacionalizações em todos os escalões (168) também regista deficiências, nomeadamente a nível de organização, e aponta o exemplo que está mais fresco na memória, a falta de comparência do Liceo da Corunha na Supertaça Europeia, com o Benfica. “Também há efeitos negativos, como este da Taça Continental em que uma equipa não aparece”, relembrou Cristiano Pereira.
“No hóquei em patins as coisas passam-se, mas não há castigados”, sublinhou Reinaldo Ventura, que esta temporada irá tentar conquistar o seu 11.º título consecutivo ao serviço do FC Porto. “Já atravessei várias fases na modalidade: quando comecei, havia muito público e muito interesse da comunicação social. Depois houve algum desinteresse da parte da comunicação social, mas a culpa não é dela. Os responsáveis acharam que a modalidade cresceria por si própria... Mas com o reaparecimento da TV as coisas estão a melhorar”.

Decréscimo de visibilidade




O internacional português admitiu que, por causa da falta de transmissões televisivas, “houve um decréscimo na visibilidade nos último anos”, mas contrabalança esse aspecto com o que a modalidade significa para o país. “Mesmo com este problema da TV, as outras modalidades, por muito que queiram, não conseguem ter o carinho que os portugueses têm pelo hóquei em patins”.
Ainda assim, Ventura concede que o hóquei “não está igual”, perdeu espectadores em relação a outros tempos, mas explicou que essa situação é natural em todas as modalidades. “As pessoas antes não tinham playstation, não tinham computadores portáteis... Vivia-se para o desporto, agora não”.
O afecto dos portugueses em relação à modalidade teve origem nos anos 1940 e 50, como explica Fernando Castro. “Portugal conseguiu os seus títulos desportivos mais relevantes até então através do hóquei em patins. Isso teve uma grande repercussão e originou um desenvolvimento muito grande. Portugal era líder de algo a nível mundial”, sustentou o autor do livro Campeonatos do Mundo de Hóquei em Patins: contributos para a sua história. Actualmente, os resultados internacionais não são “tão avassaladores”, mas isso, garante Fernando Castro, “não significa que a modalidade tenha reduzido a sua importância” ou influência.

20 mil espectadores/semana

De acordo com este autor, no global, cerca de 20 mil espectadores por semana assistem a jogos em todos os escalões. Muitos outros seguem-nos pela TV ou pela Internet, onde se pode assistir a partidas da I, II e III Divisões. “E o número de hoquistas não está a diminuir”, acrescentou. “Poderá é haver oscilações de ano para ano”.
Segundo dados facultados pela FPP, o número de praticantes federados no hóquei em patins, que tem contra si o custo do equipamento e o facto de não ser jogado nas escolas, foi semelhante nos últimos anos (10.593 em 2002-03, 10.269 em 2009-10, e valores relativamente parecidos nas épocas situadas entre este intervalo de tempo).
Há uma tendência de descida na quantidade de atletas masculinos, mas que é compensada pelo aumento de femininos. No entanto, nas outras três modalidades ditas amadoras (basquetebol, andebol e voleibol) mais conhecidas não houve estagnação, pois o número de praticantes, segundo dados do Instituto do Desporto de Portugal, cresceu substancialmente no mesmo período.

fonte: http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1521746

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