Em entrevista ao jornalista Rui Serapicos do Jornal Correio do Minho, Juan Lopez falou deste segundo ano no HC Braga, onde para além de jogar pelos seniores, orienta as camadas jovens do clube minhoto.
Juan Lopéz Nasceu em 1986, perto de Oviedo, em Grado, Espanha. Representou como jogador o PAS Alcoy e o Liceo da Coruña, antes de se transferir para Itália, onde cumpriu três épocas ao serviço do Valdagno, do Matera e do Cremona. Em 2017 assinou pelo Óquei de Barcelos, onde cumpriu uma temporada. Ingressou em 2018 no Hóquei Clube de Braga, onde começa agora a segunda época, como jogador na I Divisão nacional e em provas europeias, mas também como treinador da nova equipa de sub-23. De Espanha a Portugal, com passagem de três anos em Itália, tem um panorama do melhor hóquei em patins que se faz no mundo.
Ao acumular no Hóquei Clube de Braga com o papel de jogador da equipa sénior a missão de treinador dos mais novos, no início, “custou um bocado por causa do idioma. Custava-me um pouco a falar o Português”.
“Mas, pouco a pouco, os miúdos têm vontade de aprender. Levamos as coisas bem, estamos a fazer uma boa época, esperamos que continue assim”, realça.
Nos sub-23, escalão etário para o qual a Federação Portuguesa de Patinagem criou este ano um campeonato nacional que começa por fases regionais, tendo em vista compensar a redução de um ano aos juniores — na sequência da directiva do Comité Olímpico Internacional à World Skate sobre a passagem do escalão de Sub-20 para Sub-19 desde 1 de Janeiro de 2019, o HC Braga começa a fase regional na Associação de Patinagem do Porto.
Com quatro jogos disputados, o balanço de duas vitórias, um empate e uma derrota “não é positivo, porque empatámos um jogo e perdemos outro. Temos de ser um bocado exigentes e querer sempre ganhar. Mas é verdade que no início também custa um bocado para os miúdos, porque vêm de outro treinador, agora têm de se integrar noutro sistema de jogo, com outras coisas que eu pretendo fazer, mas os miúdos já estão a entrar bem nos jogos e a fazer bons treinos”.
A compatibilização do papel de treinador de escalões jovens com o de jogador da equipa sénior , segundo Juan López, “não é fácil”, desde logo porque implica “muitas horas no pavilhão. São muitos treinos, mas depois também é preciso estar com a cabeça tranquila para fazer, como jogador, os treinos e os jogos dos seniores. É preciso ter a cabeça muito tranquila para fazer as coisas a 100 por cento”.
Rui Neto, o treinador dos seniores, também transmite orientações para o treino dos mais novos.
“É o coordenador das camadas jovens, guio-me muito por aquilo que ele faz na primeira equipa, estamos a fazer muitas coisas boas, eu gosto muito de trabalhar com ele e, então, muitas das coisas que trabalhamos nos miúdos estamos também a fazer nos seniores. Vamos na mesma sintonia. Conseguimos que os miúdos quando chegam à primeira equipa já conhecem as movimentações e é mais fácil para eles”, salienta.
Tendo em conta que o HC Braga foi em encontro da WS Europe vencer por 16-0 em Remscheid, questionado sobre como explica o desnível competitivo do hóquei em patins de Portugal e da Alemanha, Juan Lopéz responde-nos que há muita diferença entre as realidades portuguesa, espanhola e italiana, em comparação com as outras. “Eles não competem ao mesmo nível que nós, que somos quase todos profissionais. Eles têm os seus trabalhos e depois vão treinar duas ou três vezes por semana”, observa.
Depois da vitória por 16-0 na Alemanha num sábado, o HC Braga deslocou-se na quarta-feira imediata para a 2.ª jornada da I Divisão Nacional a Almeirim e perdeu por 2-1 com os Tigres. Foi o cansaço que se acumulou da viagem a Remscheid que pesou?
A esta questão Juan Lopéz responde que em Almeirim foi “um jogo que, sinceramente, correu tudo muito mal. Cansaço não é desculpa para perder o jogo. Tivemos tempo de recuperar. A viagem custou mas não serve de desculpa”.
“Foi um jogo que correu mal, temos de trabalhar para que os jogos não corram assim, mas temos de dizer que os Tigres de Almeirim fizeram um bom jogo, correram mais do que nós. Nós atirámos quatro ou cinco bolas ao poste e isso também conta. Depois tivemos com a Juventude de Viana um jogo muito intenso, muito duro e equilibrado, que foi decidido por pormenores”.
Tendo já por garantida a passagem à próxima eliminatória da WS Europe Cup, dada a vantagem trazida da Alemanha por 16-0 e com segunda mão a disputar em Braga de improvável recuperação para os germânicos, o asturiano revela-se ainda assim cauteloso quando às probabilidades de a equipa bracarense chegar à decisão na final-four.
“Eu não gosto de ver com tanto tempo. Vamos encontrar o Valdagno, que é uma grande equipa. É melhor olharmos jogo a jogo. Olhar para o jogo de Valgano em Braga, estarmos concentrados, depois ir a Valdagno fazer um bom jogo e passar a eliminatória, que não vai ser fácil”.