O treinador da equipa de juniores do OC Barcelos, Bruno Gomes revelou em entrevista ao Jornal Barcelos Popular que mesmo após ter recebido convites de equipas da primeira divisão nacional, optou por continuar na cidade de Barcelos, por sentir muito, muito bem.
Bruno Gomes percorre
quase 200 quilómetros todos os dias para se deslocar dos Carvalhos,
de onde é natural, até Barcelos, onde dirige as equipas de juniores
e juvenis do Óquei Clube de Barcelos. Para este treinador de 37 anos
a distância não é um entrave pois faz o que gosta num clube de
top, que lhe dá todas as garantias e condições de trabalho. O
antigo colega de Reinaldo Ventura nos infantis do CH Carvalhos, onde
se sagrou campeão nacional juntamente com o 66, agora também ao
serviço do “maior de Portugal”, está mais motivado do que nunca
e para isso contam os recentes títulos alcançados com a extinta
equipa B e pelos juniores. Daqui a uma semana vai disputar mais uma
final a duas mãos frente ao Valongo que poderá dar mais uma taça
para a sala de troféus do clube. Antes do primeiro treino do ano de
2017, o Barcelos Popular conversou com Bruno Gomes que confessou
estar preparado para o que der e vier com o símbolo do Óquei de
Barcelos ao peito.
O que leva um treinador a sair da
sua zona de conforto e andar há sete anos a vir para
Barcelos?
Inicialmente foi pela parte profissional pois é um
dos maiores clubes nacionais. Depois veio a paixão, o amor à cidade
e às pessoas que sofrem e festejam connosco. É aqui em Barcelos que
me sinto bem.
Os títulos alcançados com a equipa
B e juniores são motivos de orgulho?
São motivos de orgulho,
satisfação e um reconhecimento pois, quem está perto de nós,
reconhece esse trabalho. Para a montra do hóquei em patins ser
campeão nacional é sempre um título que nos torna mais
conhecidos.
Esse sucesso foi, portanto, fruto do trabalho
desenvolvido com muitos jogadores que passaram pelas suas mãos?
O
segredo foi esses mesmos jogadores acreditarem. Também foi
importante levar avante o projecto delineado para o clube (onde está
tudo escrito) tendo dado frutos e dará ainda mais se as pessoas
aproveitarem. Mas sem um trabalho tremendo tudo isto não seria
possível.
Pode dizer-se que o Bruno ama mesmo
esta modalidade?
Certamente. Costumo dizer que tenho mais
quilómetros de patins do que de sapatilhas. Ando na modalidade desde
os três anos e neste meio sinto-me em casa.
Recentemente
o Joca disse numa entrevista que o Bruno Gomes é uma referência
para ele. Como se sente ao ouvir estas palavras?
Quando
cheguei a Barcelos o Joca tinha idade de juvenil, jogava na área e
tinha poucos minutos. Passados dois anos de trabalhar comigo
(curiosamente há dias estive a rever o processo dele) lembro-me
perfeitamente de ter proposto à direcção a integração do Joca
nos seniores ainda como primeiro ano de juvenil. Reconheci-lhe
potencial, cresceu como homem e como jogador e o facto é que ele
trabalhou muito para isso, ainda para mais quando tem paixão e amor
por este clube. Fiquei muito orgulhoso com essa referência.
São
tudo razões para continuar ainda mais alguns anos?
Eu quero
muito continuar. Faz todo o sentido que seja juntamente com o Nelson
e que sejam criadas condições para que isso aconteça pois estamos
juntos desde o início. Acho que, sobretudo, trouxemos novamente
orgulho ao clube. Notamos isso quando se contrata um jogador pois, há
uns anos era difícil quererem vir para Barcelos, é triste dizer isto
mas é a verdade. Agora, volvidos três/quatro anos, somos nós a
dizer que não, isto atendendo à quantidade de atletas a querem
jogar cá.
Por isso era importante ter a equipa B mas que
durou pouco tempo.
Esse é um assunto que só vou falar
desportivamente e não administrativamente. É uma pena pois os
jogadores deixam de estar no seu habitat natural para continuarem a
serem observados e permitimos que eles saiam para outros clubes,
aliás, como está a acontecer com o Fão e o Limianos, onde os
resultados estão à vista. Um miúdo que saiu daqui no seu último
ano de júnior é neste momento o melhor marcador dos nacionais, só
e apenas. Enche-nos de orgulho ver o Rui Silva a ter sucesso mas
seria muito melhor tê-lo aqui e continuar a avaliá-lo aqui. Assim
como seria importante integrar os juniores no escalão sénior, que
lhes daria muito mais rodagem e preparação. Não existir a equipa
B, sem dúvida, é negativo para a formação.
A ajuda do
Joca e do Vieirinha nesse título de juniores foi importante?
O
Vieira, e eu trato o Miguel como bicampeão, pois é bicampeão do
Mundo e Europeu e tem um currículo invejável, só começou a dar o
contributo na segunda fase do nacional, contra o Benfica no final da
primeira volta. E lembro-me que no dia 29 de Maio contávamos com o
Miguel mas à última da hora não pôde jogar, assuntos que também
não vou referir o porquê. No balneário disse que com todas as
dificuldades iríamos ser campeões, com ou sem o Miguel, não me
desculpando nem virando a cara, como não admitia que algum jogador o
fizesse pois todos íam ficar na história do clube. Foi o que disse
antes do jogo com o Valongo que deu o acesso à final-8. Sem dúvida
que o Miguel, na idade dele, é o melhor jogador nacional mas não
podia chegar ao pé do sr. Dias e desculpar me com a ausência do
Miguel. Felizmente ganhámos e chegámos ao título com o contributo
do Miguel na fase final.
E a equipa de juniores continua a
dar cartas...
Estar na final do campeonato distrital é um
prémio para este grupo de trabalho. Estivemos inseridos num grupo
fortíssimo onde estiveram o FC Porto, Valongo e o HC Braga, todos
candidatos ao título.
Tem sentido o apoio dos barcelenses
mesmo nas camadas jovens?
Penso que não há nenhum pavilhão
em Portugal que não tenha jogado e sem dúvida que a massa
associativa do Óquei de Barcelos é a que mais apoia e enche os
pavilhões. E não é só nos momentos felizes, também nos momentos
menos felizes estão sempre connosco.
Sente-se feliz em
Barcelos?
Muito, muito, muito... não voltava atrás de forma
nenhuma.
Nota-se que é meticuloso no que faz, é essa a
sua postura?
Eu estudo o hóquei e o jogo. Há uns anos,
quando aqui cheguei, disseram que tinha um hóquei tradicional, não
tinha um hóquei moderno. O facto é que não mudei uma vírgula
desde essa altura. Hoje, e quem acompanha o clube, percebe que existe
uma linha táctica que acompanha a formação toda e os resultados
estão à vista. Estudo muito o adversário, a minha equipa e mais
importante ainda, percebo individualmente cada jogador e tento tirar
o melhor de cada um.
Pensa dar o salto, por exemplo, para
um clube de primeira divisão?
Seria falta de humildade e não
estaria a ser correcto se não dissesse a verdade. Alguns convites
foram feitos, já este ano por duas vezes e um no decorrer da época,
de clubes da primeira divisão, mas continuo a optar pelo Barcelos
pois é aqui que me sinto bem e enquanto o clube me quiser estarei
cá. Tive convites de clubes de topo e de primeira divisão mas optei
pelo Óquei de Barcelos. É nesta casa que me sinto bem.
FONTE : JORNAL BARCELOS POPULAR
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