Habituado a estar longe da família e dos amigos e a viver num Continente a mais de dez mil quilómetros de distância, José Querido sente nesta altura mais saudades pois as seis semanas de quarentena vividas dentro de um apartamento em Santiago do Chile não deixam o tempo passar.
O antigo seleccionador nacional e treinador entre outros do Óquei de Barcelos, Vitória de Barcelinhos, Liceo da Corunha, Portosantense, UD Oliveirense, Famalicense AC, bem como da seleção nacional feminina do Chile, fazem de José Querido um dos poucos técnicos da sua geração ainda no activo.
Completa 59 anos em Agosto e nessa altura o minhoto espera poder abraçar aqueles de quem mais gosta. Mas, até lá, o confinamento é necessário e obrigatório em algumas etapas do dia.
“A nível mundial foi um grande susto. Foi a forma de vermos a realidade da vida e para sabermos que nada é tão fácil como às vezes pensamos, que tudo se resolve facilmente, mas também para nos mostrar o que é a humanidade e para sabermos viver mais socialmente e em família. Esta quarentena veio juntar muito mais as famílias e os amigos. Estou aqui há seis semanas, no centro de Santiago, sozinho e num apartamento com 50 metros quadrados e a minha sorte é que me agarro aos vídeos de hóquei desde os anos 90, Sem isso seria muito complicado passar os dias. Aqui está tudo parado, só os supermercados mais pequenos estão abertos e só podem entrar 10/15 pessoas de cada vez, sempre com as devidas precauções. Há uma quarentena obrigatória, onde desde as 22h às 5h ninguém pode andar na rua. Há muitas zonas onde não se pode sequer sair e para sair tem que se ter uma autorização da polícia, e apenas uma pessoa por família pode sair para ir buscar os bens essenciais. A coisa aqui está um bocado controlada. Não sei se é para manter, mas já estavam com ideias para, na próxima semana, começar a abrir algum comércio e alguns trabalhos.
É complicado parar uma cidade com cerca de oito milhões de habitantes, mas estes têm respeitado. Aliás, tal como Portugal que tem sido um exemplo a nível mundial.”
Em termos profissionais, José Querido é o manager geral do clube da terra, o Vilanova, tendo a seu cargo todos os escalões de formação e os seniores. A sua experiência levou a que a Federação chilena fizesse uma “oferta” que desde logo o minhoto aceitou. Assim, Querido orienta a equipa feminina do Chile e começou logo com uma medalha de bronze no Mundial de Barcelona do ano passado.
Por agora os treinos e os jogos estão parados, situação a que o barcelense não estava habituado pois gosta “do contacto diário. Sou uma pessoa que gosta muito de conviver com toda a gente, mas a vida obriga a isto mesmo”.
Em Fevereiro ainda esteve em Barcelos com um Campus de miúdos chilenos mas “como sou profissional de hóquei em patins e as propostas que tenho recebido não me agradam, regressei ao Chile onde estou bem. As pessoas tratam-me bem e tenho de aproveitar. Não recebi nenhum convite para treinar em Portugal e, por isso, voltei. Eu vivo disto e tenho de continuar a trabalhar, mas se recebesse um convite para treinar em Portugal pensaria pois ficaria junto dos meus”.
Cortesia Jornal Barcelos Popular
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