10.03.2016

Pedro Alves " Gostava de treinar um clube de maiores dimensões "


2ª PARTE DA ENTREVISTA

O atleta Pedro Alves considerado por muitos, como um dos melhores jogadores do Mundo, abriu a sua vida quer pessoal, quer desportiva, a Leninha Sendim.
Ao longo da entrevista Pedro Alves relatava como tudo começou e porque adora a modalidade onde viveu grandes alegrias e muito poucas tristezas.
Recentemente foi alvo de uma belíssima homenagem que junto muitos dos seus amigos em Barcelos.

Queria deixar uma palavra de agradecimento ao ex-atleta Pedro Alves pela sua participação neste protejo que tem como objectivo motivar jovens atletas e influenciar da melhor maneira possível a tomada de decisões na vida dos pequenos talentos...porque todas as histórias ensinam algo!!!

O que teria feito diferente? ,
Rigorosamente nada, foi o percurso que escolhi, a vida teve um sentido em cada passo que eu dava, houve erros, tristezas, alegrias mas acima de tudo houve um caminho, a escolha de uma modalidade que influenciou o meu percurso de vida e do qual me orgulho bastante.
Os sacrifícios que teve?
Sacrifícios houve alguns em Vila Franca de Xira , treinávamos num ringue de hóquei descoberto, junto ao rio Tejo,era complicado no inverno, muitas vezes , o frio , chuva e quando as águas do Tejo subiam, encontrávamos os balneários inundados, recordo-me de equiparmo-nos em cima dos bancos e depois vir um senhor calçado com umas galochas e com um carrinho que era utilizado para transportar as balizas, e levava-nos até ao ringue de patinagem.
Com 11 anos, o meu pai acompanhou-me aos treinos em Lisboa, fazíamos o trajecto de comboio e ao fim-de-semana íamos de automóvel, no final dessa época desportiva o meu pai disse para mim “já sabes o caminho, passas a ir sozinho mas com cuidado “ …os meus treinos eram á noite, Lisboa é uma cidade grande, e havia que ter cuidado. Chegava tardíssimo a casa e no outro dia tinha escola de manhã, entre atrasos dos transportes e frio que apanhei no apeadeiro de Entrecampos á espera do comboio, só queria que este chegasse depressa…outras vezes adormecia no comboio e ía parar a estações seguintes. Lembro-me, desta vez em pleno dia, havia greve de comboios na linha que eu normalmente frequentava, não tinha dinheiro para outro transporte, autocarro ou táxi, por isso fui pela linha do comboio até chegar a Braço-de-Prata (Estação que já tinha ligação á outra linha) , cheguei cansado e com buracos nas solas dos sapatos. Passei por várias coisas do género, mas acho que dei mais valor assim e ajudou-me a ter mais espirito de sacrifício para alcançar seja o que for. De todas as formas, considero-me um sortudo, quantas crianças nem sequer tem essas oportunidades, o que vimos no mundo, não dá para sequer lamentar as nossas coisas menos boas.
As vantagens que teve ao enveredar por uma vida desportiva?
O facto de ter representado a selecção nacional e ter estado em equipas de topo, permitiu que pudesse conhecer diversos lugares do mundo, outras culturas, amigos, cedo deu-me alguma independência económica para que não tivesse dependente dos meus pais.
Onde entra a família e as filhas na vida desportiva?
Tudo tem um inicio, foi com a minha ida para Barcelos que conheci a minha mulher, constituímos família, e creio que têm sido uma base de estabilidade para mim, os atletas de alta-competição e sobretudo aqueles que representam as selecções e grandes equipas são solicitados constantemente para competições desportivas nacionais e internacionais , as saudades, os momentos menos bons (ex.derrotas e lesões), é bom sabermos que ao nosso lado está sempre alguém a apoiar-nos. Hoje em dia, com internet as coisas tornam-se menos difíceis.
Como reagiu a família ao seu percurso profissional?
Nem sempre foi fácil, houve alguns momentos que a carreira desportiva interfere com a familiar, não foi fácil para mim, mas certamente que foi mais difícil para a minha mulher com crianças na altura, ter que realizar sozinhas todas as tarefas. Creio que a família, adaptou-se ao estilo de vida em função da minha profissão…é tempo de eu retribuir e adaptar-me em função das minhas filhas.
O que teria feito diferente?
É difícil, podia mudar alguma coisa, no plano desportivo, tenho motivos mais que suficientes para estar satisfeito com o meu percurso, mas no plano familiar poderia ter sido mais presente e activo.
Fazia tudo de novo?
Em termos desportivos sim.
Quais os seus objectivos daqui para a frente?
Estou na Suíça , não sei até quando mas o meu objectivo é ajudar as minhas filhas e criar condições para encontrarem o seu caminho. Ao nível desportivo, o objectivo passa por ajudar neste momento a equipa que eu treino e os seus intervenientes a evoluírem e conquistarem títulos. Como treinador gostava de trabalhar uma equipa com aspirações maiores no hóquei em patins, porque a ambição e paixão estão presentes.
É feliz e porque?
Sim… no meu emprego exerço um tipo de trabalho do qual gosto, estou ligado á modalidade que eu amo, e tenho uma família linda que me completa todos os dias, são motivos para estar feliz e espero continuar a ser se a vida proporcionar.
Obrigada Pedro Alves
Leninha Sendim 30-09-2016

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